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Angela Fernanda Belfort
O resíduo urbano produzido no Estado
poderia gerar energia suficiente para o consumo dos órgãos públicos de todas as
prefeituras (em Pernambuco) e do governo estadual, segundo um estudo feito pela
JB Consultoria. “Há muita riqueza no nosso lixo. Essa energia teria que ser
produzida dentro das regras da geração distribuída, que permite ao consumidor
compensar a quantidade de energia gerada na sua conta de luz. Isso também
resolveria outro grande problema das cidades que deixariam de enterrar
resíduos”, explica o consultor da JB, João Bosco de Almeida, que coleciona no
seu currículo cargos como ex-presidente da Companhia Hidro Elétrica do São
Francisco (Chesf) e ex-secretário estadual de Recursos Hídricos na
administração de Eduardo Campos (PSB).
O estudo da consultoria traz outro
dado muito interessante: a transformação do resíduo urbano em energia faria as
prefeituras e órgãos públicos economizarem recursos. A economia ocorreria
porque hoje o setor público banca a conta de luz e paga também pelo serviço de
coleta e enterro dos resíduos. Ambientalmente, seria muito mais correto
produzir energia do que estar enterrando resíduos.
Uma simulação feita pelo estudo
mostra que a Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) ao enviar 300 toneladas de
lixo para o aterro sanitário paga cerca de 6 milhões de reais por ano. “Com
esta quantidade de lixo, poderia ser instalada uma unidade de geração de
energia a qual poderia produzir 40.000 megawatt-hora (MWh) por ano. Essa
energia pode ser utilizada para a compensação dos consumos da conta de luz do
próprio município, incluindo as escolas, os hospitais, a iluminação pública,
entre outros”, afirma Bosco. E acrescenta: “Nos nossos cálculos, se isso fosse
feito, a PCR economizaria cerca de R$ 18 milhões por ano com a compensação da
energia gerada pelo lixo”.
Essa transformação do lixo em
energia, ainda de acordo com Bosco, só é viável caso seja feito dentro das
regras de geração distribuída na qual é permitida a instalação de usinas com
uma capacidade instalada para gerar até cinco megawatts (MW). Para esse tamanho
de usina, seriam necessárias 300 toneladas de resíduo sólido urbano por
dia.
O resíduo seria transformado em
energia da mesma forma que é coletado. Ainda dentro da simulação feita no
estudo, cada usina a ser instalada não poderia custar mais de R$ 70 milhões e o
seu custo operacional não poderia ultrapassar R$ 6 milhões por ano. A JB fez
uma parceria com uma companhia americana Kogenergy que detém uma tecnologia que
pode instalar usinas dentro desses parâmetros.
EMISSÕES
As emissões de gases feitas por essas
usinas corresponderiam a 20% das realizadas pelos aterros sanitários. “As
prefeituras de menor porte poderiam até fazer Parcerias Público-Privadas (PPP)
para instalar essas usinas e dessa forma não bancariam o investimento”, conta
Bosco. Numa PPP, uma empresa privada, geralmente, faz o investimento para
posteriormente obter uma remuneração na operação do serviço.
Para as PPPs ocorrerem tanto o
município como o Estado têm que fazer leis especificas, mas tudo isso é
possível se o Estado decidir ser mais eficiente na destinação do lixo. “O nosso
lixo é um luxo”, conclui Bosco.
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